Para onde vão as notícias passadas à noite na tv quando raia o dia? Pra onde vão os corpos
criminalizados, marginalizados e mortos?
Pra onde varrem os destroços da lama, a mulher morta em um aborto clandestino, a arte no
corpo queer que incomoda?
Pra onde varrem o genocídio da população negra, o machismo que mata, violenta e estupra
mulheres diariamente?
Pra onde varreram Amarildo, Cláudia, Mateusa e Marielle?
Pra onde varrem o grito, o punho cerrado, os cartazes na rua, o estado laico?
Pra onde varrem nossas vidas, nossas angústias, nossos amores?
Varrem. Censuram. Silenciam.
Pela família, pela pureza e pela nação.

Ranhuras, do Coletivo Moebius de dança contemporânea, existe para ser a lembrança do
que não pode ser esquecido, para que nunca mais aconteça. Ranhuras é a agonia que sentimos em
nossos corpos vivendo o dia de hoje. É inquietação. É busca por ar, por espaço para respirar, por
brechas para existir. É um pedido de afeto e de coletividade. O tiro em Marielle foi em todas nós. A
violência doméstica diária atinge todas nós. A Lama da Samarco sufocou todos nós. A censura do
Queermuseu é a censura de cada um de nós. Precisamos nos afetar. Precisamos ser resistência.

Ficha Técnica

Concepção e coreografia: Coletivo Moebius

Elenco: Luíza Fischer, Patrícia Nardelli, Priya Mariana Konrad, Renata Stein, Sahaj.

Trilha: Coletivo Medula – Isabel Nogueira e Luciano Zanatta.

Iluminação: Casemiro Azevedo

Projeção: Paula Pinheiro

Produção e realização: Coletivo Moebius

11/12/18 – Sala Álvaro Moreyra (Porto Alegre/RS)

18/06/19 – Teatro Renascença (Porto Alegre/RS)

13 e 14/09/19 – Sala Álvaro Moreyra, na programação do 26 Porto Alegre em Cena (Porto Alegre/RS)

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